terça-feira, 1 de março de 2011

Vomitar palavras

Hoje vou escrever sobre escrever! Não sei se terei cultura e experiência para o fazer, mas… Escrevo este texto a propósito de no outro dia uma amiga ter-me dito que, para se escrever era necessário utilizar sempre um registo cuidadíssimo. “…às vezes não importa muito o que escreves, desde que utilizes palavras caras!”, disse-me ela! Como não importa? Feita uma pequena reflexão sobre o assunto cheguei à conclusão de que algumas pessoas pensam de maneira idêntica á da minha amiga…
Porém, para mim há três tipos de “escritores”! Os que escrevem, os que “vomitam palavras” e os escritores de fim-de-semana. Atenção! Não digo escritores de fim-de-semana com um sentido pejorativo. São aqueles que, como eu, pegam na caneta ou ligam o computador quando têm tempo e vontade, e escrevem…mais para se libertarem do que para qualquer outra coisa.
Os escritores, toda aquela gente que escreve livros, guiões, publica notícias, crónicas, etc., esses, sim, escrevem. Contudo os “vomitadores de palavras” são aquelas pessoas que gostam bastante de realçar os seus valores académicos, tanto na redacção de pequenos textos, como no próprio quotidiano, ao interagir com as pessoas que as rodeiam (tanto melhor se estas forem pessoas com menor nível de instrução do que elas).
A escrita serve para quê? Quando alguém escreve, escreve para outrém ler e perceber a ideia que é evidenciada. Correcto? Os escritores que escrevem, no verdadeiro sentido da palavra, fazem isto; já os que vomitam palavras, quer-me parecer que estão mais preocupados com “esborrachar” no papel o maior número de palavras, as ditas “caras”, do que propriamente em fazer passar uma mensagem, um pensamento ou algo genuíno. E chamam àquilo escrever! Eu chamo-lhe exibicionismo e, contrariamente à suposta ideia destas pessoas, um tanto de escassez cultural! Porque um ser culto tem a capacidade de adequar o seu discurso às circunstâncias impostas.
Fazer o que esses pseudo-escritores fazem, qualquer um pode fazer. Basta que, ao lado, tenha um dicionário e copie as palavrinhas. Não custa nada! É como as cópias que fazíamos na escola primária…
Com um dicionário, que estas pessoas chamariam de “lexicógrafo”, ou algo ainda “pior”, apenas para que, ao escreverem sem nada dizerem, alguns ficassem impressionados com tamanha “cultura”! (Aprendi este termo, “lexicógrafo”, com um professor bastante instruído, embora a maioria das pessoas nunca se tivesse apercebido dessa instrução... Talvez nunca se tivessem apercebido disso porque ele não vomitava as palavras).
Isto tudo para, em jeito de desabafo, dizer que, nem toda a gente que vomita palavras é culta e nem toda a gente que é culta vomita palavras…
“Escrever é sobretudo sentir as palavras com o coração!” – É um enorme desgosto que nem toda a gente pense assim…

(Desafogo duma “escritora de fim-de-semana” que até há bem pouco tempo era apenas leitora de rodapés televisivos e de pequenas crónicas de jornal!)

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