terça-feira, 1 de março de 2011

Um pouco de nada...

É Domingo, está Sol e são 12h05… Estou de pijama na sala em frente ao computador, apetece-me escrever, mas não sei sobre o quê! Porém estou alegre… Apetece-me sorrir…
Oiço os meus pais conversarem na cozinha e de vez em quando oiço aquelas manifestações de carinho entre eles… São tão queridos! … Ás vezes! … Quase sempre! Também oiço a televisão de lá… Por aqui toda a gente me critica por ouvir a música alta, por isso interferir com a saúde dos meus ouvidos, mas parece que os surdos são eles…
O meu pai acaba de me boicotar a inspiração ou a falta dela, para me convidar a sair daqui. Já não vou continuar com esta descrição enfadonha… Felicidade a vossa! Estão num dia de sorte! (estão sempre… se acreditarem que realmente estão!) Por isso, sigam a minha dica, e façam como eu… Sejam felizes! ;)

Estranhas recordações… a propósito da palavra “boicotar”!

No outro dia, já não sei bem a propósito de quê, ouvi a palavra “boicotar” e lembrei-me de dum pequeno episódio de uma aula do Básico…
Eu não era uma aluna fácil. Não era mal-educada, apenas tinha dificuldade em guardar as opiniões e comentários para mim, e regra geral, isto sucedia-se quando o professor falava. Os problemas que já tive à conta disto… Basicamente, tinha dificuldade em manter a minha boca fechada! Era mais forte do que eu! Havia sempre algo mais interessante para discutir…
Ora, o senhor professor estava a explicar como “saltar barreiras” (interessantíssimo!), enquanto isso eu discutia com a minha colega, mais próxima, o facto de ele não me ter entregue uma caneta (precisávamos de apontar algo e o Prof. tinha estado a distribuir canetas…). A certa altura decidi interrompe-lo e dizer que não tinha caneta… (Era mesmo irritante. Não era?) Ele olhou-me com ar de quem estaria a pensar “Oh, outra vez ela! Mas será que não se cala? Parece que tem de falar com tudo e com todos! É com a colega, é comigo… Não tarda está, também, a falar com as bolas, as balizas, as barreiras, enfim… Que quererá agora? Ai, se ousa perguntar-me o que acabei de explicar! …” E deu-me permissão para falar… «Stôr, não tenho caneta!» E o cérebro dele lá devia continuar “… Oh, meu Deus! …e interrompe-me para isto! O que tenho de aturar! … Só mesmo a Ana!” Nisto ele olha para mim com um ar de tédio e um tanto de sarcasmo e diz, já sorrindo, «Pois, tinha de ser a Ana! Não é? … Estás-me sempre a boicotar o raciocínio!» E dado isto, ele “boicotou” o meu também, contudo eu ainda não sabia… “Boi o quê? Será isto o nome de um tumor maligno? Não, não, deve ser de um medicamento…para tumores malignos, claro! Afinal isto é aula de Educação Física ou de Chinês? … Bem, mas agora tenho que fazer um ar de quem, obviamente, percebeu o que ele disse, mas… Não percebi!” Pensava eu.
Portanto, enchi o peito de ar e… «Stôr, o que é boicotar?» Ele sorriu e deverá ter pensado “Ahahah! Ganhei!” Seguidamente, explicou-me o que era boicotar, com uma delicadeza e carinho… Quase fazia lembrar um pai a ensinar os primeiros passos ao filho. Pôs a mão no meu ombro como quem reconfortava a minha ignorância e disse-me que “boicotar” era “impedir que algo progrida de modo normal ou como previsto”. (Era - e é - um homem muito paciente!) Foi buscar-me uma caneta e prosseguiu com a explicação.
Não, não voltei a interrompe-lo… naquela aula!
Conclusão? Não sei bem! … Nunca mais me esqueci do significado desta palavra. E sempre que oiço o termo “boicotar” lembro-me disto!
Recordações… :)

Vomitar palavras

Hoje vou escrever sobre escrever! Não sei se terei cultura e experiência para o fazer, mas… Escrevo este texto a propósito de no outro dia uma amiga ter-me dito que, para se escrever era necessário utilizar sempre um registo cuidadíssimo. “…às vezes não importa muito o que escreves, desde que utilizes palavras caras!”, disse-me ela! Como não importa? Feita uma pequena reflexão sobre o assunto cheguei à conclusão de que algumas pessoas pensam de maneira idêntica á da minha amiga…
Porém, para mim há três tipos de “escritores”! Os que escrevem, os que “vomitam palavras” e os escritores de fim-de-semana. Atenção! Não digo escritores de fim-de-semana com um sentido pejorativo. São aqueles que, como eu, pegam na caneta ou ligam o computador quando têm tempo e vontade, e escrevem…mais para se libertarem do que para qualquer outra coisa.
Os escritores, toda aquela gente que escreve livros, guiões, publica notícias, crónicas, etc., esses, sim, escrevem. Contudo os “vomitadores de palavras” são aquelas pessoas que gostam bastante de realçar os seus valores académicos, tanto na redacção de pequenos textos, como no próprio quotidiano, ao interagir com as pessoas que as rodeiam (tanto melhor se estas forem pessoas com menor nível de instrução do que elas).
A escrita serve para quê? Quando alguém escreve, escreve para outrém ler e perceber a ideia que é evidenciada. Correcto? Os escritores que escrevem, no verdadeiro sentido da palavra, fazem isto; já os que vomitam palavras, quer-me parecer que estão mais preocupados com “esborrachar” no papel o maior número de palavras, as ditas “caras”, do que propriamente em fazer passar uma mensagem, um pensamento ou algo genuíno. E chamam àquilo escrever! Eu chamo-lhe exibicionismo e, contrariamente à suposta ideia destas pessoas, um tanto de escassez cultural! Porque um ser culto tem a capacidade de adequar o seu discurso às circunstâncias impostas.
Fazer o que esses pseudo-escritores fazem, qualquer um pode fazer. Basta que, ao lado, tenha um dicionário e copie as palavrinhas. Não custa nada! É como as cópias que fazíamos na escola primária…
Com um dicionário, que estas pessoas chamariam de “lexicógrafo”, ou algo ainda “pior”, apenas para que, ao escreverem sem nada dizerem, alguns ficassem impressionados com tamanha “cultura”! (Aprendi este termo, “lexicógrafo”, com um professor bastante instruído, embora a maioria das pessoas nunca se tivesse apercebido dessa instrução... Talvez nunca se tivessem apercebido disso porque ele não vomitava as palavras).
Isto tudo para, em jeito de desabafo, dizer que, nem toda a gente que vomita palavras é culta e nem toda a gente que é culta vomita palavras…
“Escrever é sobretudo sentir as palavras com o coração!” – É um enorme desgosto que nem toda a gente pense assim…

(Desafogo duma “escritora de fim-de-semana” que até há bem pouco tempo era apenas leitora de rodapés televisivos e de pequenas crónicas de jornal!)